A introdução alimentar (IA) é sempre um momento de muitas dúvidas para os pais e muitas descobertas para os bebês. É nesse momento, em geral por volta dos seis meses de vida, que eles começam a comer frutas e verduras, legumes, proteínas animais e carboidratos. O superpoderoso leite materno continua sendo a principal fonte de nutrientes e alimento, segundo recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde) e do Ministério da Saúde (MS)! Porém, nessa fase de transição, as comidas são aliadas no processo de desenvolvimento e crescimento das crianças.

Atenção e interação


O momento de introdução alimentar, que acontece até os primeiros dois anos de vida do bebê, tem muitos desafios, mas é também uma troca muito legal entre pais e filhos. É a partir desse processo que criam-se os hábitos alimentares e, além disso, o hábito cultural e comportamental de comer à mesa com a família. Mas é importante lembrar que esta relação da criança com a comida é algo que leva tempo (e paciência!) para ser construída. Por isso, o Guia Alimentar Para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos (2021) alerta que as refeições não sejam oferecidas enquanto a criança anda e brinca pela casa, assiste televisão, mexe no celular, computador ou tablet. O ideal, é que haja contato visual com a criança alimentada.

Para começar…


Antes de iniciar a introdução alimentar, é importante, primeiro, estar atento a alguns sinais de que a criança está pronta para isso. São eles:  
  • Mostrar interesse na comida ao ver alguém comendo
  • Sentar-se sozinho e controlar os movimentos da cabeça
  • Conseguir ficar com a língua recolhida, ou seja, não colocar mais a língua para fora ao explorar objetos com a boca
  • Apresentar coordenação entre os olhos, mãos e boca (por exemplo, consegue olhar o brinquedo, pegá-lo e colocá-lo na boca por conta própria)


O ideal é que, até os 12 meses, o bebê já esteja comendo a mesma refeição que a família, sem precisar que os alimentos estejam em consistência pastosa.

Como iniciar a alimentação e como apresentar os alimentos


Há algumas vertentes e técnicas para que mães e pais façam esse processo de apresentação e inclusão dos alimentos na rotina de seus bebês. Aqui, listamos os principais métodos utilizados por pediatras e nutricionistas em geral. Lembrando, sempre, de consultar um médico para ajustar as informações às necessidades do seu bebê e da sua rotina. Veja qual você mais gosta e acha que funcionaria melhor para a sua família!
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Método tradicional


O método tradicional, como o nome mesmo sugere, é o mais conhecido e utilizado por pais, mães e cuidadores em geral. Neste modelo, o bebê senta-se em uma cadeirinha de alimentação e recebe a comida por um adulto responsável, por meio de uma colher. A partir dos 6 meses, são oferecidas frutas e papinhas de fruta. A partir do sétimo mês, inicia-se o consumo de legumes, carnes e proteínas animais, hortaliças, carboidratos, cereais e tubérculos, grãos e leguminosas.

Segundo o Manual de Alimentação da Infância à Adolescência do Departamento de Nutrologia da SBP (2018), a orientação é que os alimentos sejam oferecidos, a princípio, em consistência pastosa, normalmente cozidos até ficar bem “molinhos” e amassados com um garfo até obter textura de papinha/purê. Gradativamente, após o primeiro mês de introdução, os pais podem deixar pequenos pedaços sólidos para estimular a mastigação. Não é indicado bater a refeição no liquidificador. A SBP também recomenda que os alimentos sejam oferecidos três vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver desmamada.
Imagem retirada do Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos. Página 49.
Imagem retirada do Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos, ano 2021. Página 49.

Além disso, lembre-se de dar água filtrada (fervida) ou mineral nos intervalos das refeições. Fique sempre atento a possíveis alergias alimentares dos seus filhos e procure um médico.

Método BLW


Cada vez mais divulgado na internet, o método BLW (do inglês Baby Led Weaning) é uma estratégia para alimentar o bebê na qual ele recebe a comida em pedaços, tiras ou bastões, e na consistência habitual. Neste processo, o bebê deve ser encorajado a pegar os alimentos, a princípio com a mão, e levá-los à boca.

O foco aqui é apresentar texturas, cores e sabores particulares, sem que estejam “misturados”, como na IA tradicional. Por isso, é muito importante oferecer diferentes opções e variedades de alimentos. Adeptos desta abordagem defendem que o BLW ajuda na aceitação da comida, favorece a autorregulação do apetite, proporciona autonomia ao bebê etc. Porém, ainda não é o método mais usado por pais e mães porque muitos consideram trabalhoso, resultando em muita bagunça e sujeira na casa.

Além disso, existe o risco de que o bebê opte por apenas um tipo de comida (por cor, por textura etc.), resultando em deficiência nutricional. O BLW também pode aumentar as chances de engasgo, já que os alimentos são consumidos em pedaços. Na verdade esse é um risco geral, então é preciso estar atento e aprender a manobra de Heimlich.

Método Bliss


O Bliss, sigla para Baby Led Introduction to Solids (em português, “introdução de sólidos guiada pelo bebê”), é muito parecido com o BLW, onde o princípio é oferecer comida que o bebê possa pegar com a própria mão e decidir o que/quando/quanto levar à boca. A diferença é que este método é baseado em recomendações feitas por meio de estudos para garantir os nutrientes necessários ao bebê, regulamentar a variedade de alimentos, e promover maior segurança contra engasgos.

IA Participativa


A Introdução Alimentar Participativa é uma mistura da introdução alimentar tradicional com o BLW. Aqui, o segredo é o controle maior da nutrição por parte dos pais e cuidadores. As refeições podem ser oferecidas amassadas e na colher por um adulto responsável, ao mesmo tempo em que alimentos também podem ser apresentados em pedaços para que o bebê explore e coma com a própria mão, desenvolvendo o aprendizado sensório motor.

Justamente por aliar formas diversas de apresentação do alimento e de nutrição do bebê, é a abordagem mais indicada pelo Departamento de Nutrologia da SBP e pelo Guia Alimentar Para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos (2021). Recomenda-se que o adulto estimule a interação com a comida, evoluindo de acordo com o tempo de desenvolvimento do bebê, além de garantir uma dieta equilibrada, que inclua todos os tipos de nutrientes.

“Ajude a criança a se alimentar, mas deixe que ela use as mãos para segurar o alimento ou uma colher de tamanho adequado para pegá-los.”


Dessa forma, a IA participativa acaba sendo uma boa opção para quem não quer abrir mão de alimentar o seu filho, mas também deseja que ele descubra os alimentos e tenha mais autonomia. Esse formato permite que a família também se sinta mais confortável com a quantidade de comida ingerida pelo bebê.



Para além do método…


É fundamental ter em mente que, mais importante do que o método escolhido, é o cuidado com que a introdução alimentar é feita. Sempre respeite o tempo do seu bebê e alinhe expectativas, metodologia e receitas com o seu pediatra ou nutricionista de confiança. E, como sempre gostamos de lembrar, curta essa fase! Essa é mais uma das transições que você e seu filho só vão viver uma vez. Boa sorte! <3

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Fontes:

Sociedade Brasileira de Pediatria Guia Alimentar para Crianças Menores de 2 Anos (Ministério da Saúde) Manual de Alimentação da Infância à Adolescência Perfil @educarépreciso