Nas últimas semanas, só se falou nela: Rayssa Leal, a “Fadinha” do skate! Com apenas 13 anos de idade, ela é a atleta mais jovem a representar o Brasil nos Jogos Olímpicos. E, como se não fosse o bastante, ainda levou a medalha de prata na modalidade.
A imagem mostra : Rayssa Leal, a “Fadinha” do skate, segurando uma medalha de prata em uma mão e um buquê de girassóis na outra.
Inspirados por essa menina gigante, buscamos entender como é o desenvolvimento esportivo em uma criança, como os pais e cuidadores podem auxiliar nesse processo e quais são os caminhos possíveis no esporte.
Para isso, contamos com a ajuda de Marcella Freire Ventin, professora de Educação Física e mestra em Educação. Confira a entrevista!

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1) Existe uma idade indicada para as crianças começarem no esporte? Como iniciar essa jornada?


Existe uma diferença que precisa ser considerada para essa resposta: prática esportiva como atividade física regular, intencional, e esporte de rendimento. A primeira pode ser iniciada com poucos meses de vida (natação, por exemplo). Já a segunda deve considerar a escolha e interesse da criança, algo que ela só será capaz de demonstrar por volta de 5-6 anos. A iniciação deve ser bastante cuidadosa e, obrigatoriamente, lúdica, respeitando a maturidade neurológica, cognitiva, afetiva e motora.


2) De que forma os pais podem incentivar esse hábito?


Existem algumas formas de fazer isso, mas considero o exemplo a melhor delas. Pais que praticam esportes, e que convidam seus filhos para práticas em família, têm grandes chances de motivar e integrar de maneira sólida este hábito na vida das crianças.


3) Quais são os principais desafios e cuidados que devem ser tomados com as crianças no esporte?


Os adultos são especialistas em projetar expectativas em seus filhos, e isso pode ser o começo do fim de uma possível carreira esportiva. Pressionar, não deixar tempo livre, comparar rendimento, e outros comportamentos desse tipo, podem levar à infelicidade e desinteresse da criança pela prática esportiva.

Autor: A.RICARDO. Tokyo – Japan July 26, 2021, Tokyo2020 Olympic Games, US Olympic gymnast Simone Biles.

Outro erro comum é a escolha do esporte. O caminho ideal é apresentar diversas possibilidades, para que a criança crie o desejo de seguir em algum esporte. De preferência, mais pra frente, por volta dos 12 anos, quando é possível iniciar uma prática de fato voltada para o rendimento.


Também é muito importante estar atento à conduta de professores e treinadores. É preciso que o trabalho seja neurocompatível. Isso significa que as exigências de um treinador devem ser pautadas pelo respeito aos limites impostos pela infância. Isso deve ser considerado para definir tempo de prática, tipo de atividade, requisição de valências, imposições disciplinares e assim por diante.


4) Qual o lado mais positivo desta prática?


Há vários benefícios na prática esportiva infantil, se adequada à faixa etária. Alguns deles são o desenvolvimento motor, a rotina, a resiliência, a determinação. Mas, o mais positivo, sem dúvida, é a socialização! Criança aprende com criança, e esse convívio é imprescindível para o desenvolvimento de capacidades cognitivas e emocionais.


5) Por fim, você teria alguma dica para dar aos pais e/ou cuidadores?


Controlem a ansiedade! As crianças não estão neste mundo para atender nossas expectativas, nem cobrir nossas frustrações pessoais. Cada coisa tem seu tempo e atropelar esse andamento tende a ser prejudicial à psique infantil. Na melhor das hipóteses, a criança irá se desinteressar ou detestar a prática.


Outra dica importante é: acompanhe de perto as sessões esportivas de seus filhos. Professores e treinadores são referências para os pequenos atletas, portanto, é preciso se certificar que essa relação se desenvolva de maneira saudável.


Com tanta informação, se você tem filhos, ou filhas, que tal iniciá-los em práticas esportivas? Sem grandes expectativas e pressões, mas para garantir todos os benefícios que essas atividades proporcionam. Inclusive, incentivamos que vocês brinquem e se exercitem com eles. Afinal, o que importa, no fim das contas, é o tempo de qualidade que vocês passam juntos! Vale a pena começar.
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