As novas gerações – em especial, as gerações Z e Alpha – estão nascendo e se desenvolvendo cada vez mais imersas na realidade virtual. A era dos fenômenos da comunicação digital, dos videogames e das redes sociais se intensificou com a ultimamente.
E uma das principais consequências, nesse cenário, foi um crescimento significativo nos transtornos mentais entre esse público. De acordo com o laboratório Pfizer, que realizou um estudo sobre o tema, 39% dos indivíduos na faixa etária entre 18 e 24 anos alegaram que a saúde mental ficou “ruim”, e 11% responderam que ficou “muito ruim” durante o período em casa.
Além disso, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em todo o mundo, a depressão é uma das principais causas de doença e incapacidade entre adolescentes. O suicídio é a terceira principal causa de morte na faixa etária entre 15 a 19 anos.

Diante de tantas mudanças e informações, esses jovens ainda precisam lidar com o conflito geracional existente entre eles e seus respectivos responsáveis. Como, então, é possível administrar tantas transformações e, ainda por cima, entender a própria mente?
Para responder essa e outras perguntas, convidamos o psicólogo Marcelo Barbosa, diretor da BR – Psicologia, mestre em Análise do Comportamento pela PUC-SP, especialista em Gestão Estratégica de RH pela FGV-RJ e terapeuta especializado em dependentes afetivos (mulheres e homens que amam demais). Confira!

Recentemente tivemos o “boom” do termo cringe que, em uma tradução livre e rápida, seria “algo vergonhoso”. Você acha que os jovens acham “cringe” cuidar da saúde mental? 


“Não. Pelo contrário! O jovem de hoje possui mais clareza sobre esse assunto e já não considera uma doença como a depressão uma “frescura”, por exemplo. O grande problema é que, mesmo vivendo na “Era da Informação”, há muita desinformação.”

O universo digital pode impactar a qualidade de vida dessas gerações, sobretudo no que diz respeito à mente? 


“Sem dúvida! O que podemos concluir até agora é que o imediatismo – característica inata aos seres humanos – está sendo “amplificado” com as redes sociais. O jovem de hoje não “degusta” nem “saboreia” o que consome, muito menos “analisa” o conteúdo que está absorvendo. Daí, temos milhares de jovens tentando ser diferentes do coletivo, quando, na verdade, são todos iguais. Passamos a “consumir” e substituir uns aos outros com a mesma velocidade e ferocidade.”


Na sua realidade de trabalho, você tem percebido um aumento nos transtornos mentais infanto-juvenis? Quais deles prevalecem?


“Sim, e acredito que não é preciso ser especialista para perceber isso. Os que mais prevalecem são a depressão (pela inadequação ao nosso ambiente) e os transtornos de ansiedade (que podem estar relacionados, também, à velocidade com que tudo ao nosso redor muda intensamente).”

As redes sociais podem agravar esses transtornos? De que maneira?


“Acredito que as redes sociais são tanto causa, como efeito, para agravar esses transtornos. Elas podem ser uma excelente ferramenta para auxiliar no dinamismo contemporâneo, no entanto, ainda não sabemos utilizá-la da maneira mais saudável.”

Como os pais podem identificar se seus filhos precisam de ajuda? E como eles podem procurar auxílio?


“Depressão e transtornos de ansiedade também são o “mal do século”. Ao menor sinal de qualquer um desses, não pesquise apenas na internet: procure um psicólogo urgentemente. Posso dizer, com propriedade, que, infelizmente, muitos casos de suicídio seriam evitados se houvesse a correta procura de um especialista.”


Atualmente, falamos muito sobre o conflito entre gerações. Diante da sua experiência profissional, quais são as principais diferenças que você observa, entre as gerações, em relação ao tema da saúde mental? Você acha que pessoas mais velhas podem influenciar os mais jovens negativamente, no sentido de problematizar ou achar desnecessária a busca por tratamento psicológico? 


“Os representantes da geração Baby Boomer são pessoas que colaboraram e trabalharam muito para a reconstrução de um mundo pós-guerra. Justamente por isso, possuem uma visão de mundo mais pragmática. O trabalho árduo, principalmente “braçal”, era intenso e não havia “tempo para ficar deprimido”, por exemplo. Sendo assim, um número cada vez maior de pessoas de idade mais avançada possui o entendimento do quão significativa é a manutenção da saúde mental, uma vez que, em seu tempo de vida, testemunharam inúmeros casos sobre. O mundo virtual ainda os parece muito abstrato e penso ser esse o principal conflito entre a geração mais antiga e nova geração (Y e Z).”

Este é o segundo texto da série #BeepExplica de setembro, dedicada à Saúde Mental. Ressaltamos que, durante todo o mês, acontece a Campanha do Setembro Amarelo, criada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), com o intuito de ajudar quem sofre com as doenças da mente e prevenir o suicídio. Se você precisar de ajuda, lembre-se que não está sozinho! Ligue para o Centro de Valorização da Vida (disque 188).

Sobre nós!


Somos a Beep: a maior empresa de saúde domiciliar no Brasil! Com a gente, você pode fazer exames laboratoriais e tomar vacinas particulares no conforto de casa. O nosso atendimento funciona de domingo a domingo (incluindo feriados).

Referências:
Organização Mundial da Saúde (OMS) | Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) | EBC (Empresa Brasil de Comunicação) | Centro de Valorização da Vida (CVV)